A Nova Era – semana 27: a destruição não criativa do Brasil

O Planalto contratando comunista, as pessoas erradas sendo rememoradas, o presidente se esquecendo da própria história e a nação dando dois passos na direção do abismo autoritário.


The following takes place between jul-02 and jul-08


Checagem de fatos parlamentar 

O Senado terá uma CPI das Fake News, ou pelo menos é o que o presidente da casa, Davi Alcolumbre, deseja. Mas, no que depender do deputado da base governamental, Filipe Barros, essa investigação parlamentar não ocorrerá. O congressista do PSL entrou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para tentar barrar a criação da comissão. Barros acredita que a investigação será utilizada para prejudicar o governo. 

Ou seja, o político acredita que, políticos, no ambiente de fazer política, farão o seu trabalho. Mais ainda, para Filipe, se o partido do governo dos que acreditam em mamadeira de piroca for investigado por reproduzir mentiras, será prejudicado. Quem não deve, nem sempre não teme. 

Boca de bueiro SE01EP27 

O presidente defendeu o trabalho infantil, e apesar de afirmar que não apresentará nenhum projeto a favor da prática, Jair afirmou que “trabalhando com nove, dez anos de idade na fazenda, eu não fui prejudicado em nada” (Jair não trabalhou quando era criança). O Brasil, por outro lado, nunca esteve tão prejudicado pelas ações de alguém eleito democraticamente (e olha que nós já tivemos péssimos presidentes). 

O trabalho infantil é uma das piores coisas que um presidente pode incentivar. Prejudica as crianças, as suas famílias e o desenvolvimento do país. Estudo sobre isso não falta.

Bolsonaro também afirmou que tem “saudades daquela época onde se tinha muito mais deveres do que direitos. Hoje você só tem direito e, dever, quase nenhum, e por isso nós afundamos cada vez mais”.

A época em questão é a ditadura militar, onde o direito a habeas corpus era inexistente, a liberdade de expressão era sufocada, a dignidade humana dependia do humor do guarda na esquina. A democracia, aliás, vivia amordaçada. Naqueles dias, o único dever do brasileiro era ficar calado diante das atrocidades cometidas pelo regime. 

Contabilidade criativa de criminalidade 

Um relatório da Folha de S. Paulo apontou que o ministério da Justiça não tem critérios funcionais para identificar o tamanho real da criminalidade brasileira. Apesar do alarde feito por Sergio Moro, os dados de homicídios nacionais registrados pelo Sinesp (Sistema Nacional de Informações da Segurança Pública) não são padronizados. 

O sistema, criado em 2012 e utilizado desde o último ano, contém apenas informações genéricas, incompletas e sem padrão. A ausência de dados claros e criados a partir de metodologias objetivas, naturalmente, prejudica a criação de políticas públicas para lidar com o tema.

Além disso, impede que o governo seja efetivo em seus gastos com segurança pública. Em último caso, dificulta a publicação de dados que apontem a realidade do país. 

Justiça seja feita, nem tudo é culpa de Bolsonaro. A Constituição afirma que cabe aos estados definir como será feito o registro dos homicídios. Seria, então, responsabilidade do Planalto, criar uma regulamentação nacional sobre o tema, garantindo que os dados sejam enviados ao Sinesp seguindo algum parâmetro em comum.

O brasileiro é muito doido 

Uma pesquisa do Datafolha revelou que boa parte dos brasileiros acham errada a conduta que Sergio Moro teve ao lado dos procuradores da Lava Jato. Entre os que já ouviram falar dos vazamentos da #VazaJato, apenas 31% dos entrevistados pelo instituto aprovam a conduta do ministro. Ainda assim, 54% das pessoas consideram justo Lula estar preso

Como é possível ver, ainda que os mais otimistas insistam, o brasileiro não quer ver as instituições funcionando. Ele quer mesmo é dedo no cu e gritaria para cima daqueles que ele não gosta. 

A caneta ficou sem tinta 

Quem lembra do acordo entre os três Poderes que o presidente queria fazer? Com direito a photo op e fala imbecil de Bolsonaro, o projeto tinha como objetivo tornar o diálogo entre as instituições mais forte e democrático. 

Não durou dois meses. No evento da troca da chefia do Comando Militar do Sudeste, Bolsonaro afirmou que não há a necessidade de um “pacto assinado no papel“. O importante, para Jair, é que ideias que “fujam ao populismo” sejam votadas. 

Seria mais útil ao país se o presidente abandonasse o seu próprio populismo de direita, que veste o seu corpo diariamente. Dizer que ele deve lealdade somente ao povo brasileiro é uma atitude que diz muitas coisas, inclusive que o abandono do populismo não faz parte da agenda do Planalto. 

Teorias da relatividade modernas 

Para o ministro Ricardo Salles, o Brasil já atingiu uma taxa de desmatamento zero. Segundo ele, não temos o zero absoluto, mas sim o “zero relativo“. Para fingir que o problema não existe, o ministro do Meio Ambiente torce números, compara a taxa de desmatamento com a sua proporcionalidade em relação à totalidade do bioma e transforma o corte de árvores desenfreado em uma construção social. 

O blog, seguindo a linha de raciocínio do ministro, aponta que ele é relativamente ruim e absolutamente péssimo. O governo Bolsonaro é relativamente horroroso e absolutamente inadequado a qualquer século após a chegada dos portugueses nestas terras. Da mesma maneira, este que vos escreve considera que a política ambiental atual é relativamente péssima e absolutamente digna de impeachment. 

Imperialismo a favor do meio ambiente 

O governo alemão reteve R$ 151 milhões que estavam destinados ao Fundo Amazônia. A iniciativa, que tem como objetivo prevenir, monitorar e combater o desmatamento na floresta com o apoio de dinheiro de gringo já recebeu, apenas dos germânicos, R$ 193 milhões desde 2008. O motivo? As merdas que o governo brasileiro fez e segue fazendo desde o começo do ano. 

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que tinha encontrado “inconsistências” no trabalho da equipe que faz a gestão do grupo (algo que as auditorias norueguesas e alemãs jamais encontraram). Além disso, o membro do partido Novo afirmou que desejava utilizar os recursos para realizar a compra de terras griladas em áreas de conservação ambiental.

Naturalmente, os europeus discordaram. Afinal, isso aí de dar dinheiro para quem comete crime deixar de cometer crimes não é bem aceito no mundo civilizado.

Há, inclusive, a possibilidade do fundo acabar de vez. Os embaixadores da Alemanha e da Noruega avisaram que esperam ver o BNDES ser mantido na administração da iniciativa, e que os projetos sejam executados considerando as diretrizes que já existiam antes do governo novo ser formado. É isso, ou os europeus levarão os seus euros para outros países. 

Pequenas notas do Quinto dos Infernos

Balbúrdias educacionais 

O ministro da Educação resolveu trabalhar, e anunciou que pretende tornar o Enem completamente digital até 2026. O processo, que será feito gradualmente, começará com 1% dos inscritos já em 2020. A considerar as dificuldades que o governo está enfrentando com o exame deste ano, o blog acredita que a frase correta seja “0,01% tentarão fazer o Enem digitalmente em 2019 e falharão miseravelmente por problemas técnicos.” 

Por outro lado, a prova deste ano, segundo o presidente substituto do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), já está pronta para ser impressa. Falta a prova virar documento, ser transportada e aplicada para milhares de estudantes sem que vazamentos ocorram. A ver.

O Ministério da Educação, por outro lado, ao concluir a informatização da prova, poderá utilizar boa parte dos servidores do Sisu para a sua aplicação. Afinal, dependendo do ritmo na queda da oferta de bolsas integrais para cursos presenciais pelo ProUni, é pouco provável que os recursos do processo de seleção de bolsas sejam utilizados por completo

Tonho da lua 1 x 1 generais do exército 

Alguém precisa continuar não segurando o Carlos Bolsonaro e, assim, permitir que ele continue minando as bases de apoio do governo federal. Durante a semana, o vereador que menos vereia no país foi ao seu Twitter atacar o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e culpá-lo pelo escândalo do aviãozinho presidencial. Mas, dessa vez, o tiro saiu pela culatra.

O general Luiz Eduardo Rocha Paiva, que faz parte da Comissão de Anistia do governo federal, foi ao Whatsapp (pois ser discreto é importante) chamar o filho pródigo de “pau-mandado do Olavo” e “idiota inútil ou útil para os esquerdistas“.

Briga de abobado é maravilhosa de se ver, até mesmo quando ela coloca o país na beirada do precipício. 

Keeping up with #VazaJato I: dando uma olhadinha supernormal 

Segundo O Antagonista, a Polícia Federal, de maneira técnica e totalmente democrática, solicitou ao Coaf uma análise das contas de Glenn Greenwald. A ideia é fazer um estudo sobre as contas do jornalista, e investigar qualquer valor que o relacione com a pessoa responsável pelos vazamentos da #VazaJato

Certamente a medida não tem nenhuma relação com Sergio Moro. O fato é que, em 2006, o Ministério Público processou um advogado que acusou ministro da Justiça de “agir com arbitrariedade e abuso de autoridade“. O ex-juiz jurou, na sua oitiva na Câmara dia 2, que nunca processou um jornalista. Deve ser verdade, já que ele pode sempre contar com a ajuda do MPF para vingar a sua masculinidade frágil.

Keeping up with #VazaJato II: fica de olho neste teu cu 

O ministro Moro deveria se curvar mais aos desejos de Jair Bolsonaro, caso queira manter a carreira política estável. Gente para ocupar o seu lugar não falta, a começar pelo juiz e bombadão da academia Marcelo Bretas, da Lava Jato carioca.

Em entrevista à BBC News Brasil, o magistrado afirmou que até recebe advogados e procuradores no seu trabalho, mas não dá conselhos a nenhum deles. Também avisou que não quer deixar uma marca na história do país e se esquivou de fazer um juízo sério do valor das mensagens da #VazaJato

Os concurseiros qualificados desta terra que tudo dá são ótimos em se colocar a postos para apunhalar o coleguinha quando é necessário. Incrível. 

Keeping up with #VazaJato III: mais um passeio de Moro na frente dos parlamentares 

A oposição até que tentou, teve até deputado voltando mais cedo para Brasília, mas não deu. A nova conversa de Sergio Moro com o poder Legislativo foi outro grand slam do ministro

Quando perguntado sobre o relatório das transações do jornalista Glenn Greenwald, algo super comum em regimes democráticos, desviou (atitude semelhante, por sinal, foi tomada pelo COAF e pela PF). Aliás, há gente no TCU achando que é apenas um teste de apoio da população aos desejos autoritários do governo

Moro repetiu que as mensagens são falsas, que não fez nada de errado e que, se as mensagens fossem verdadeiras, também não indicariam ilegalidades. Ainda acusou os supostos hackers de tentarem invalidar as condenações, como se alguém estivesse colocado uma arma na cabeça do ministro e mandado ele ficar de conluio com procurador.

Como o povo da Câmara não é lá muito educado, a conversa terminou em tumulto. Moro até tirou uma folga de cinco dias para descansar depois do bate-boca no fim da sessão. No Senado, onde o filho chora e a mãe não vê, Randolfe Rodrigues apresentou um requerimento para que o ex-juiz explique, juntamente com o ministro Paulo Guedes, se há ou não alguma investigação contra o jornalista americano.

Keeping up with #VazaJato IV: marketeiros à paisana 

Os procuradores da força tarefa da Lava Jato também se articularam para interferir nas eleições da Venezuela. Segundo o site The Intercept, o grupo, junto com Moro, planejou o envio de dados para a justiça venezuelana sobre a delação da Odebrecht, de um modo que tornasse o vazamento mais fácil.

Os procuradores especularam, inclusive, que a ação poderia trazer impactos para os brasileiros que vivem no país, gerando uma guerra civil. Tudo isso, pois, os acordos internacionais feitos pela justiça brasileira impediriam a Lava Jato de tornarem públicos os depoimentos dos executivos da Odebrecht.

Com ajuda da mão de Deus, um dos depoimentos acabou vazando não muito tempo depois de procuradores venezuelanos viajarem para o país. A ação certamente agradou Dalagnol, que apoiou as movimentações pelo simbolismo que um vazamento ilegal teria para o povo venezuelano, ainda que às custas de deixar a situação já caótica do país ainda mais confusa e violenta.

Keeping up with #VazaJato V: síndrome de Estocolmo 

Mensagens da #VazaJato revelaram, no dia 30 de junho, que os procurados da força tarefa da Lava Jato não levavam muito à sério as palavras do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, sobre o triplex mais famoso do Guarujá. O ex-executivo é considerado um dos principais responsáveis por colocar Lula na cadeia, tendo em vista o impacto que seu depoimento teve nas investigações. 

Até aí, tudo mais ou menos. 

No dia 4 de julho, porém, diante das revelações feitas pela imprensa, Pinheiro enviou um bilhetinho à Folha afirmando que as acusações feitas ao ex-presidente eram totalmente verdadeiras. Negou, também, que as várias mudanças em seus depoimentos não ocorreram por ele estar louco para sair da cadeia. E por último, e não menos importante, disse que jamais foi pressionado para dar depoimentos que ajudassem os procuradores a colocarem algum grande petista na cadeia. 

A defesa de Lula não gostou, rebatou e criticou horrores as falas do ex-empreiteiro. Lembrou que as frases da #VazaJato contradizem o que ele disse à Folha de S. Paulo e as suas ações durante as investigações da Lava Jato. Não dará em nada, mas é divertido ver Léo Pinheiro falando tudo o que for necessário para sair da cadeia. 

Combate a corrupção: tem, mas só depois de amanhã 

Ninguém notou, mas Jair Bolsonaro confessou que o ministro Moro perguntou se ele deveria abafar as investigações de corrupção no alto escalão do PSL (o assunto por si só já seria um problema). Afinal, o que um presidente que jura combater a corrupção tem que saber sobre as investigações contra o seu próprio partido? 

Vale lembrar, também, que Sergio Moro não deveria ter tomado conhecimento do que estava acontecendo nas salas da Polícia Federal mineira. A investigação tramita sob segredo de justiça na 26ª Zona Eleitoral de Minas Gerais.

Além de todos esses detalhes (que por si só já seriam um escândalo) é importante lembrar que nenhuma instituição de controle se levantou contra as falas do presidente e o que elas representam. Há décadas a Polícia Federal, os Tribunais de Contas e o Ministério Público ganharam reforços para que trabalhassem como instituições do Estado, e não do governo da vez. Muitas vezes, aliás, trabalham contra o governante do dia.

Ao que tudo indica, basta que o governante não seja petista para a PF aguentar um fist fuck presidencial com um belo sorriso no rosto. 

A semana na reforma da Previdência I: batendo continência pro guarda de quartel 

A reforma da Previdência, aquela que seria votada por qualquer um dos candidatos a presidente em 2018 (e que passaria sem grandes esforços), finalmente teve o dedo do Bolsonaro. Não para acelerar a aprovação do projeto, claro, mas para que ele fizesse a única coisa que sabe fazer direito quando não está falando algum absurdo: lobby para milico. 

Após muito ser acusado de traidor pelos policiais civis e federais, o presidente entrou em campo pela sua base. Na tarde de terça-feira (2), Jair Bolsonaro atuou para modificar as mudanças nas regras de aposentadoria dos militares

Bolsonaro ainda colocou uma gag ball em Paulo Guedes só para garantir que a reforma seja ainda mais desidratada. Houve até parlamentar do PSL ameaçando votar contra o projeto caso o privilégio fosse deixado de lado (spoiler: não votaram).

Não adiantou muito. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal), Edvandir Paiva, chamou Jair Bolsonaro de frouxo, sem voz ativa e incapaz de colocar ordem no próprio governo. Ou quase isso

Edvandir afirmou que Bolsonaro “não consegue impor a vontade dele ao Ministério da Economia, e nós ficamos na mão.” Reclamou que, mesmo com ordens expressas de Bolsonaro, Joice Plagelmann e a equipe econômica articulavam no Congresso, corretamente, contra os interesses da categoria. Felizmente deu errado e o alívio ficou para depois 

O Brasil de 2019 é horrível: quando você percebe, está concordando com as atitudes da Joice e da equipe do Guedes. 

A semana na reforma da Previdência II: fazendo de conta que certos problemas não existem 

A outra parte da reforma da Previdência que é muito importante e que ficou de fora, é a reforma dos estados e municípios. Os líderes partidários falharam em chegar a um acordo sobre a inclusão dos funcionários públicos estaduais e municipais no projeto, mais uma vez

Há a chance de as mudanças na aposentadoria desses funcionários públicos serem inseridas, mas em etapas posteriores. Caso isso não ocorra, porém, todos os governos estaduais e municipais terão que encarar as suas reformas previdenciárias sozinhos. Vai ser divertido e vai dar merda, naturalmente. 

A boa memória para coisas ruins do governo Bolsonaro 

Não faz sentido pressupor que todo mundo que atuou no exército alemão durante os anos do nazismo era, necessariamente, nazista. Também não faz sentido dizer que os nazistas de verdade estavam na SS. São dois argumentos meio burros, e que só são reproduzidos por quem é desonesto ou ignorante. 

O exército brasileiro, porém, não tem o direito de ser qualquer um dos dois. Pelo contrário. 

A instituição coleciona momentos nobres em defesa do país, e igualmente esteve presente nas horas mais obscuras da biografia brasileira. Seria mais interessante, portanto, relembrar os 450 soldados da Força Expedicionária que foram enviados para ajudar a impedir que o nazifascismo tomasse conta do mundo, e não um brasileiro que atirou balas ao lado do exército alemão. Prioridades. 


Todos os posts da série estão disponíveis aqui.

Escrito pelo Guilherme. Editado e revisado pela Luana com os toques sagazes da Marinna.

A Nova Era – semana #25: melindrando esse amor gostoso

The following takes place between jun-18 and jun-24


Mamata congressual, a primer 

Levantamento da Folha de S. Paulo indicou que, em média, 26 deputados saem do país mensalmente para destinos nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Voltadas para dar aos parlamentares “acesso a novos conceitos, políticas públicas e experiências legislativas úteis ao Brasil”, as viagens custaram, entre janeiro de 2018 e janeiro de 2019, R$ 3,9 bilhões aos pagadores de impostos.

Até aí, tudo bem. Viajar sai caro.

O que a reportagem também aponta é que a boa parte dos destinos envolvem cidades turísticas como Dubrovnik, que foi utilizada para gravar “Game of Thrones”. Outro deputado aproveitou para visitar Lisboa e Fátima, em Portugal, com direito a fotinha ao lado da estátua de bronze de Eusébio, um famoso jogador português que eu não sabia que existia. Na Nova Era, a mamata se reproduz e posta no Instagram.

Uma monarquia para chamar de nossa 

Enquanto dava uma pausa nas brigas sem necessidade com o Congresso, o presidente resolveu, mais uma vez, nos lembrar como um país sem ele seria ótimo. No sábado (22), Bolsonaro afirmou que o Legislativo tinha excesso de poder e que tentava transformá-lo em “rainha da Inglaterra”.

O blog fica de coração quentinho ao pensar em um primeiro ministro como Rodrigo Maia, que não é o herói que queríamos para esse governo, mas é o herói que merecemos.

Bolsonaro completou a sua fala criticando a possibilidade de um projeto que transferia a parlamentares o poder de fazer indicações para agências reguladoras. “Imagina qual o critério que vão adotar. Acho que eu não preciso complementar.”

Um palpite bobo: seria um critério melhor do que o utilizado por alguém que fez do poder público um cabide de emprego para seus parentes, seus filhos e os seus colegas ligados à milícia carioca.

Por último – e não menos importante – o presidente complementou o seu absurdo do dia afirmando que não há a menor necessidade do pacto entre poderes que ele mesmo resolveu fazer: basta apenas existir um sentimento do coração e da alma para que exista harmonia entre os poderes. O oposto do que alguém que apoiou maluco autoritário nas ruas contra o STF e o presidente da Câmara faria.

Esta semana, na reforma da Previdência 

O presidente, que fez esforço para articular pela reforma da Previdência apenas quando ela afetou a aposentadoria dos milicos, avisou que vai coçar muito a rola pequena e feia dele quando o assunto for reincluir os estados e municípios no projeto. Os governadores, caso queiram, terão que se virar para convencer os congressistas da necessidade do projeto ser aprovado com validade para todos os níveis do governo. Um grande dia para os abobados que insistem que o presidente trabalha arduamente por ela.

A brilhante ideia de Jair veio acompanhada da apresentação de um conjunto de destaques pelos deputados do PSL, que favorecem os profissionais da segurança pública. O presidente da comissão afirmou que é “surreal” que os deputados façam lobby por corporações. O blog fica se perguntando em que lugar Samuel Moreira esteve durante as eleições para ficar surpreso só agora.

Pirocoptero na cara da nação

Durante a semana, a reserva imoral do governo, digo, a reserva moral do governo Bolsonaro, foi ao Senado prestar contas sobre as mensagens reveladas pelo The Intercept. A visita de Sergio Moro à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) foi o show de horrores esperado por todos. Mas, para ex-juiz, foi um grand slam.

O ministro da Justiça conseguiu responder com cuidado a todas as questões feitas, mas sem responder o que era perguntado. Não contente, fugiu de muitas tentativas de apará-lo pela rabiola, e avisou: se as mensagens que não existem (para ele) apontarem criminhos (elas apontam), ele sairá do cargo de ministro.

Moro venceu a batalha do Senado não por aquilo que ele disse, mas sim pelo que não disse. O ex-juiz conseguiu, por mais de sete horas, dar respostas evasivas e fugir do ponto das perguntas com uma habilidade malufiana (e olha que alguns senadores estavam preparados com materiais de toda sorte). Acusou 52 vezes o The Intercept de sensacionalismo e repetiu, como um marido que abusa psicologicamente de sua esposa, mais de 30 vezes que as relações entre ele e Deltan eram absolutamente normais.

Quando cansado de repetir tais argumentos, lembrou que o Estado de direito poderia ser jogado às favas se isso fosse contribuir com o combate à corrupção. Ou colocasse Lula na cadeia (era muito importante colocar Lula na cadeia (importante para caralho (vai dizer que você não queria o Luis Inácio na cadeia? (se falar que não, é petista))).

Não é que esse fosse exatamente o ponto dos debates. Não era. Mas o argumento ganhou valor por lembrar aos lava-jatistas que a defesa do ministro ainda é importante. No final do dia, as desculpas foram boas o bastante para o presidente, que é a pessoa que mantém o ministro, ministro.

Pequenas notas do Quinto dos Infernos 

Uma bombada pelo amor de Deus, uma bombada por caridade 

A nova semana da #vazajato começou mostrando que Sergio Moro adora um apoio importante. O site The Intercept revelou, na noite de terça (18), que o atual ministro articulou com o procurador Deltan Dallagnol para poupar o ex-presidente – e príncipe – FHC das investigações da Lava Jato

Para o ex-juiz, o apoio do professor era importante demais para que a força tarefa arriscasse investigá-lo (ainda que o sociólogo tenha aparecido em vários depoimentos). Já o procurador do MPF apontou que a eventual prescrição de alguns supostos criminhos era detalhe bobo. O importante, para Dallagnol, era a construção da imagem de imparcialidade. 

Em notas não relacionadas, ambos não tinham motivos para dar pitacos sobre o caso. Qualquer investigação que eventualmente fosse feita em relação ao ex-presidente, seria feita longe das asas de Dallagnol e Moro. 

Em relação ao que estava sob o seu domínio, porém, Moro não perdeu a oportunidade de meter os dedos. Como um fabricante de dados viciados, o ex-juiz articulou com Dallagnol a escalação de procuradores nos depoimentos da Lava Jato. Tudo para garantir que apenas a defesa fosse composta por pessoas que Moro não gosta.

A pedido do ministro da Justiça, Dallagnol pediu a Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato, a substituição da procuradora Laura Tessler do time que participava das audiências do processo de Lula. Para evitar problemas, o procurador também pediu que Carlos fizesse tudo com cuidado, evitando deixar qualquer sinal da sua ação e ignorando a ética que o seu cargo exige.

Na manhã de domingo (23), o ex-juiz acordou inspirado. Foi ao Twitter para postar “Um pouco de cultural. Do latim, direto de Horácio, parturiunt montes, nascetur ridiculus mus” (“As montanhas partejam, nascerá um ridículo rato”, em português). O rato, provavelmente, era o pedido de desculpas que o ministro enviou aos tontos do MBL.

No mesmo dia, Moro apareceu em uma nova notícia da #vazajato, dessa vez publicada pela Folha de S. Paulo, outro veículo a validar o conteúdo das mensagens. A matéria do impresso aponta como os procuradores se articularam com Moro para impedir que o STF ficasse ainda mais irritado com o juiz, que dias antes tinha recebido um tapa na testa do STF por divulgar, ilegalmente, áudios do ex-presidente Lula conversando com Dilma Rouseff.

O modo vanguardista (inspirado nas experiências italianas) das ações da Lava Jato deram aos concurseiros bonitas coroas de louros. A operação prendeu gente grande, recuperou uma boa quantidade de dinheiro e revelou um enorme esquema de corrupção. Agora, o que a #vazajato traz, para os agentes da lei, é a possibilidade de carregar uma maravilhosa coroa de espinhos.

Ganhará a democracia e o estado de direito se as devidas punições forem aplicadas àqueles que fazem tudo para prender quem se corrompe, inclusive se corromper.

Privacidade pra quem? 

Enquanto todo mundo se perde no meio da bagunça que o presidente promove, Jair Bolsonaro decidiu flexibilizar o compartilhamento de dados de beneficiários do INSS com o setor privado. A chamada MP do pente fino (MP 871), que estabelece novas regras para acesso a benefícios como aposentadoria rural e salário-maternidade, não proibirá bancos e sociedades com contratos ligados ao INSS de utilizarem os seus dados para publicidade direcionada.

O governo se defendeu lembrando que já temos uma lei que trata do uso de dados pessoais, o que limitaria esse tipo de ação. Portanto, devemos todos ficarmos despreocupados, afinal, o Brasil é um país conhecido por ter empresas que não abusam das leis existentes, respeitam a privacidade de seus consumidores e sabem cuidar muito bem dos dados de terceiros.

Um presidente para a nação evangélica 

Pela primeira vez em nossa história, um presidente da República foi à Marcha para Jesus. Bolsonaro apareceu no evento para lembrar aos religiosos presentes que o seu grupo foi “decisivo para mudar o destino do país”. Se bots e criadores de notícias falsas fossem capazes de sentirem algo, ficariam incomodadíssimos com a falta de gratidão do presidente.

Justiça seja feita, Bolsonaro deve mesmo muito aos evangélicos. Boa parte do grupo religioso se agarrou a Jair com a mesma vontade que pregos grudaram Cristo na cruz.

Há aqueles que viram a eleição de Bolsonaro como uma oportunidade de voltar aos espaços de poder. Já outros olharam para o político como alguém com um grau de receptividade que ia muito além de uma simples visita a um templo ou à afirmação de que feliz é a nação cujo Deus é o Senhor.

Como apontamos no blog, assim como Donald Trump, o presidente é visto por muitos como um enviado de Deus na terra. Mesmo que, na prática, a teoria de um político que trabalha em defesa pela família seja falsa, Jair Bolsonaro conseguiu se sagrar como um verdadeiro representante dos “homens de Deus” nas eleições de 2018.

Mas não é preciso fazer um longo retrospecto das ações do presidente após seu mergulho no rio Jordão: o que se tem aqui é apenas mais uma aliança em busca de poder do que uma aceitação dos valores de Cristo.

Ao colocar “Deus acima de todos”, como se o gosto por fazer papai e mamãe com o pai de Cristo fosse universal, Jair Bolsonaro reassumiu o seu compromisso com as pautas morais evangélicas, indo contra qualquer processo de pluralização da sociedade.

E por não ter o menor compromisso com qualquer coisa que vá além de uma “verborragia moralista e antiesquerdista”, o presidente foi o candidato perfeito para um grupo que sonha em acabar com tudo que os apoiadores dos marcos civilizatórios das Luzes conquistaram após o fim da ditadura. Indo além, Bolsonaro também é o aliado perfeito para ampliar o projeto de poder de parte dos protestantes, que sonham em reduzir a influência da Igreja Católica nos processos políticos da nação.

Está dando certo. 

A Nova Era – semana #24: não fala que eu não te escuto

The following takes place between jun-11 and jun-17 


Direitos desumanos para humanos sem direitos 

A semana #24 do governo Bolsonaro começou com tudo. Na terça-feira (11), o presidente exonerou 11 integrantes do MNPCT (Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura). Mas espere! Isso não é um sinal de que o governo quer reduzir a capacidade esquerdistas de acusarem bem-intencionados agentes da lei de abusos contra os nossos detentos. Pelo contrário! Ele só quer deixar de pagar os responsáveis por tal atividade, já que essa coisa de trabalhar de graça dá certo em todo o planeta. 

Zema que o diga

Se você, assim como eu, não fazia a menor ideia de que o MNPCT existia (o governo é muito grande, parece o mar), segue o resumo. O órgão foi criado em 2013 com o objeto de estudar e fazer relatórios sobre violações de direitos humanos no país. Foram eles que avisaram às autoridades (in)competentes que o Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) era um pequeno inferno na Terra. 

É importante reforçar que o governo nega que essa medida possa inviabilizar qualquer tipo de ação para combater a tortura dentro das cadeias. O fato do presidente acreditar que direitos humanos servem apenas para “humanos direitos”, certamente não deve ser visto como impulso para tal medida ainda que, na prática, ela inviabilize as ações do grupo. 

O Ministério Público estuda quais medidas podem ser aplicadas ao caso. Já a entidade Justiça Global denunciou o presidente à ONU

O jeito que o Supremo faz bagunça institucional é diferente 

Na última postagem, o blog avisou: basta um juiz mais amigo ficar de má vontade com Moro, que os advogados de defesa dos condenados pela Lava Jato poderiam sonhar com um final de semana tranquilo. 

Eis que, em um dos julgamentos da Segunda Turma do STF, Gilmar Mendes mostrou que ele pode ser essa pessoa. Ao lembrar da atuação de Rodrigo Janot no processo que estava sendo julgado, o ministro do Supremo afirmou que “juiz não pode ser chefe de força tarefa”. O que, bem, é a verdade. 

O importante, aqui, é que Gilmar não está sozinho. Pelo menos é o que revelou a coluna Painel, da Folha de S. Paulo. O jornal apontou que integrantes do STF e do STJ consideram as revelações da #vazajato a “pá de cal moral no veredito de Lula”. 

Resta saber, porém, até que ponto as instituições superiores considerarão os conteúdos do The Intercept como verdadeiros (e pesados) o bastante para anular as condenações da Lava Jato Afinal, fora da privacidade das entrevistas em off, gente como Barroso adota cautela. O ministro disse que não consegue entender a euforia de quem já fala em mudar a condenação feita pelo Moro, e que a Petrobras virou uma bagunça nas mãos do PT. Ou quase isso

A canetinha encolheu 

Não faz muito tempo, o presidente afirmou que a sua caneta era a mais poderosa da República. Só faltou a ele combinar com os russos, digo, os parlamentares. Em uma semana, o presidente acumulou uma boa quantidade de derrotas em cima das suas reais preocupações. 

Na quarta (12), o Senado avisou que o decreto que ampliava o porte de armas no país era ilegal. Por incrível que pareça, os Senadores as vezes lembram que a Constituição não é papel pra limpar urina de cachorro: decreto presidencial não pode alterar norma estabelecida por lei. Simples assim. 

Dos 24 votos, apenas 9 foram a favor da ideia imbecil do governo. O Major Olímpio, sempre muito ponderado, bradou que a recusa da MP gerará “festa na quebrada! Festa das facções!”. Faz o brasileiro pensar que a liberalização do porte nos levaria para o universo de uma revista em quadrinhos, em que ex-soldados se tornam justiceiros. Ou que somos todos capazes de fazer cosplay de John Wick. Não somos. 

No mesmo dia, a maioria dos ministros do STF deu um belo recado ao Planalto. Também não há como, por meio de decreto, extinguir os conselhos federais que estão previstos por lei (como é o caso da Comissão de Erradicação do Trabalho Escravo). 

Se o presidente quer, novamente, usar atalhos “à margem do figuro legal” em forma de canetada para golpear os avanços civilizatórios dos últimos anos, é melhor tentar outro caminho. Da forma que está, continuará dando errado – e não adianta falar que a culpa não é dele e que ele não teve tempo para aprender como o Congresso funciona.  

Na Lava Jato we don’t trust 

Como todo castigo é pouco para otário, o The Intercept continuou a série de vazamentos, agora, inclusive, com um novo aliado na apuração dos fatos. Na quarta (12), Reinaldo Azevedo divulgou em seu programa de rádio uma conversa entre Dallagnol e Sergio Moro. No papinho entre os dois concurseiros, Deltan informou que Luiz Fux, ministro do STF, mandou um belo “conte comigo pra tudo” para a Lava Jato.

Poucas horas depois, o The Intercept vazou mais alguns detalhes sobre como Deltan e Moro combinaram mais ações juntos do que aqueles casais que andam abraçados no supermercado. O ministro, por sinal, era bem fiel ao seu subordinado não oficial: segundo a Folha de S. Paulo, os advogados que trabalham na defesa dos acusados pela Lava Jato jamais tiveram tanta liberdade com o ex-juiz como o promotor do MPF tinha.

Bolsonaro, que foi a um jogo do Campeonato Brasileiro com o ministro da Justiça, seguiu calado sobre as notícias. Abrir a boca para falar sobre o tema, o presidente só abriria na quinta-feira (13). Disse que estava unido a Moro, e que o normal no Brasil é conversar “com doleiro, com bandido”.

Considerando a quantidade de criminhos que são cometidos no Brasil, é bem provável que seja verdade mesmo. Para o presidente – e a sua família –, por exemplo, é normal conversar com miliciano, empregar parente de miliciano, beijar a boca de filha de miliciano, morar perto de miliciano, passar pano para miliciano, tirar foto com miliciano e, nas horas não vagas, prestar homenagem para miliciano. 

Uma das coisas que as mensagens mostram – e que é divertido de ver – é a relação de submissão que Deltan tem com Moro (a ponto de outros procuradores ficarem incomodados com isso). O ex-juiz trabalhou como Relações Públicas da força tarefa e, no ambiente privado, não deixou de esconder a sua indisposição com a defesa de Lula

Ok, advogado não é gente e os do ex-presidente são mesmo um pé no saco. Mas não cabe a juiz fazer o que o ministro da Justiça fez. Não em uma república relativamente séria – o que não é lá bem o nosso caso, mas enfim. 

Enquanto Moro falava que tinha sido vítima de um ataque criminoso, a defesa do petista pediu a anulação da sua condenação com base nas provas ilegais (algo que Moro já tinha defendido anteriormente). O Nexo explicou

Para quem não anda com as bolas do lavajatismo na glote, ou simplesmente não é parte do conselho diretor do Grupo Globo, algumas coisas são claras. As revelações do The Intercept mostram, até o momento, que Moro e Deltan são péssimos em esconder as coisas que fazem naquela zona cinzenta entre o que é imoral e o que é ilegal

Os outrora defensores de vazamentos em favor do interesse público juram que as mensagens, antes normais, mas que eventualmente representam um descuido, são falsas – mas não indicam qualquer tipo de ilegalidade(???). Tudo isso com um olhar de ofensa que faz pensar que, na verdade, eles tiveram a sunga abaixada após saírem de uma piscina gelada.  

A #vazajato mostra que, de imparcial e compromissado com o combate à corrupção, os missionários da destruição não tem nada. Eles são, no máximo, compromissados com a sua própria agenda policialesca.

Isso não quer dizer, é claro, que não exista um grande grupo de pessoas dispostas a defender a síndrome de Batman tupiniquim de Moro em troca do “bem maior” (esta coisa não muito rara em terra brasileira). Mas, enquanto esse número não cai, o projeto anticrime e a ida de Moro ao Supremo Tribunal Federal estão virando miragem no horizonte de expectativas do ex-juiz. 

Defender que as condenações sejam revistas não é defender que gente que tem tudo para ser bands não é bands. É apenas desejar que todas as pessoas – poderosas ou não – sejam julgadas por um juiz que respeita os seus códigos de conduta no lugar de um que orienta como a acusação deve trabalhar o tempo todo e que considera as ações da sua defesa um “showzinho”. Até Maluf, o filhote mor da ditadura, merece isso. 

Pequenas notas do Quinto dos Infernos 

A mentira da semana do Bolsonaro 

Após o STF criminalizar a homofobia, Bolsonaro afirmou que isso dificultaria a contratação de gays (??). A corte, para o presidente (que não acredita em classes), aprofundou a divisão de classes com a medida. Para Jair, não há a necessidade de criminalizar este ato de preconceito pois “a pessoa que discrimina, por si só vai ser deixada de lado” (corta para ele sendo eleito presidente). 

A bobajada do presidente, para variar, não se sustenta na verdade. Um estudo da consultoria McKinsey registrou que empresas com alta diversidade tem 33% mais chances de lucrarem. Diversidade e respeito a quem pensa diferente vende. Vende mais até do que licença de programa para gerenciar bot de Twitter em época de campanha. 

Dança dos poderosos I 

O governo Bolsonaro já pode pedir música no Fantástico por um novo motivo. O (agora) ex-ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz foi demitido da Secretaria de Governo, se tornando o terceiro membro do alto escalão a perder um cargo. Mais uma vez, alguém caiu por manter atritos com o Guru da Virgínia e o filho do presidente que exerce vereança no Rio de Janeiro e acha que conhece código morse.

presidente Carlos Bolsonaro, com a ajuda de Olavo de Carvalho, cozinhou Santos Cruz em banho maria por meses após ataca-lo nas redes sociais. Um dos motivos? O general não queria gente ligada ao núcleo olavista do governo metendo as mãos nos contratos da Secom e na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). 

Santos Cruz foi trocado por Luiz Eduardo Ramos, chefe do Comando Militar do Sudeste.  Ramos, que é pouco acostumado às práxis das articulações políticas, será responsável por articular politicamente o governo com os outros poderes

O novo ministro também terá novos poderes, antes não reservados a Santos Cruz. O general poderá barrar qualquer nomeação de segundo e terceiro escalão do governo. Isso inclui, mas não se limita, a todos os reitores que forem eleitos nos próximos anos pelas suas respectivas comunidades acadêmicas. 

Dança dos poderosos II 

O general Santos Cruz não foi o único que saiu do governo nos últimos dias. O perigoso Joaquim Levy, conhecido pela sua defesa das ideias marxistas em lugar nenhum, cansou de ser humilhado publicamente por Bolsonaro e pediu para sair. 

O pedido de demissão ocorre dias após o presidente falar que a sua cabeça estava à prêmio por cometer o crime de contratar alguém que, assim como Levy, também trabalhou para governos petistas. A fala de Bolsonaro, por sinal, foi acompanhada da compreensão e do ombro amigo de Guedes – direcionado para o presidente

Em notas não relacionadas, o ex-presidente do BNDES não estava demonstrando muita disposição em fazer photo-op com Bolsonaro para mostrar que a já aberta “caixa preta do BNDES” estava sendo aberta pelo seu governo. 

Também em notas não relacionadas, Joaquim Levy estava resistindo aos pedidos de Paulo Guedes para “despedalar” o banco em um ritmo maior do que aquele que estava sendo mantido desde o governo Dilma. Pois, ao contrário do que parte da atual base do governo tenta dizer nas suas tentativas de reconstruir a história, as pedaladas estão em processo de reversão desde antes do impeachment. Só não ocorreram em um ritmo que quebraria a viabilidade financeira do banco público. 

Entra no lugar de Joaquim Levy o sócio-diretor do BTG Pactual, Gustavo Montezano. O jovem tem pouca experiência com bancos públicos, alguma experiência com o mercado financeiro e muita experiência em fazer bagunça

Dança dos poderosos III 

Continuando a lista de pessoas que perderam carguinho no governo, temos o general do Exército da reserva Franklimberg Ribeiro de Freitas. Após pressão dos ruralistas, o militar foi removido da presidência da Funai.

Mas, ao contrário de Levy, Freitas não saiu pelas portas dos fundos. O que se viu na sua despedida foi um belo espetáculo de raiva

Em reunião com os servidores da fundação, Freitas disse que Bolsonaro está muito mal assessorado (o que não é mentira). Também acusou o cidadão Nabhan Garcia, secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, de falar sobre indígenas salivando ódio (o que deve ser verdade). Por último (e não menos importante), o general lembrou que a Funai é vista “como óbice ao desenvolvimento nacional” por boa parte do governo (o que definitivamente não é mentira). 

Dança dos poderosos IV 

Por último – e não menos importante – na nossa lista de novos frequentadores do RH do governo federal, temos o agora ex-presidente dos Correios. O general Juarez Aparecido de Paula Cunha foi demitido por cometer o crime de se comportar como “sindicalista”

Comportar-se como sindicalista, no caso, é falar que não quer a empresa pública que governa ser privatizada e tirar foto com alguns parlamentares de esquerda. O presidente, via de regra, contrata e demite quem ele quiser para os cargos que ele pode contratar e demitir a qualquer momento. A presidência deu a ele esses mimos. 

Mas é bem divertido ver o homem que chegou ao cargo político mais alto do país prometendo “desesquerdizar” a administração pública ser incapaz de contratar alguém para presidir uma empresa que ele quer privatizar que seja simpático a essa ideia. A internet está cheia de internautas que desconhecem como funciona o mercado de logística nacional, mas são loucos para acabar com a estatal. 

Até porque, ver o presidente não reconhecendo que pessoas podem viver em uma democracia pensando diferente de maneira harmônica é algo que não surpreende ninguém. Não quem acompanha minimamente a carreira dele desde os anos 1990. 

Imagine o que será do Planalto quando Jair souber que o general Luiz Eduardo Ramos tem proximidade com políticos de esquerda do PT e do PSOL.

E a reforma, hein? 

A reforma da Previdência andou mais um pouco, novamente à revelia das ações do Planalto. O relator do projeto, o deputado Samuel Pereira, apresentou o seu texto com sete mudanças em pontos críticos do texto que foi enviado por Paulo Guedes. O Nexo compilou todas as mudanças propostas pelo tucano

Se você não clicou no link (ou caiu no paywall), eis um resumo. Saem as mudanças na aposentadoria rural e no Benefício de Prestação Continuada. A desconstitucionalização da Previdência (importante para facilitar as reformas do futuro) ficou para outro dia. Faltou trocado nos bolsos da Câmara para isso. 

E o regime de capitalização, a tiete de Paulo Guedes? O vento levou. Estados e municípios na reforma? Se continuar assim, terão que fazer a tarefa em casa. Por último, e não menos importante, o relator afirmou que, a depender da sua vontade, professores se aposentarão com 57 anos. 

Ao anunciar o acordo partidário que permitiu a tramitação da reforma, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não deixou de gastar elogios a Guedes, ao relator, aos líderes partidários, ao homem fantasiado de cachorro que passou uma tarde no prédio da Câmara, aos seus assessores e até mesmo à oposição. Afinal de contas, é importante valorizar todas as pessoas que de fato ajudaram na construção do texto

A reação do ministro da Economia, porém, mostra que os tempos do Chile de Pinochet deixaram marcas profundas na alma do ministro. O todo poderoso economista, em vez de agradecer a apresentação do relatório, afirmou que os parlamentares “mostraram que não há compromisso com as novas gerações. O compromisso com os servidores públicos do Legislativo foi maior do que com as novas gerações”

Vamos recapitular. O governo conseguiu colocar para votar um relatório A FAVOR da mais profunda reforma da Previdência da nossa história. Um projeto que não consegue apoio fácil nem nas mais autoritárias ditaduras. O ministro responsável pelo projeto reagiu reclamando que os políticos fizeram política para aumentar o apoio à proposta

Este governo é uma “usina de crises” e a base de geração energética é nuclear. 

E agora, para algo completamente diferente 

No começo da semana, Jair Bolsonaro criou um belo mecanismo anti-impeachment para o seu governo (e as outras esferas do executivo). Enquanto o decreto for válido, o TCU, sempre que desejar tomar qualquer tipo de decisão sobre as eventuais irregularidades praticadas por um agente público, deverá considerar “circunstâncias práticas que impuseram, limitaram ou condicionaram a ação do agente público”. Em caso de responsabilização, os atributos e as complexidades do cargo exercido pela pessoa sub judice também deverão ser levados em conta. 

Indo além, também decretou que o agente público só poderá ser responsabilizado por decisões e opiniões técnicas que forem emitidas caso ele “agir ou se omitir com dolo, direto ou eventual, ou cometer erro grosseiro, no desempenho das suas funções”. Erro grosseiro, no caso, será considerado “aquele manifesto, evidente e inescusável praticado com culpa grave, caracterizado por ação ou omissão com elevado grau de negligência, imprudência ou imperícia”. 

Eu pagaria um café com Dilma Rousseff apenas para ouvir o que ela pensa sobre esse decreto e o que acontece com quem demite o Levy. 


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Escrito pelo Guilherme. Editado e revisado pela Luana.

A Nova Era – semana #10: a literalidade do dedo no cu e da gritaria

Bolsonaro jura que não é fascista. Mas como todo populista reacionário, ele realiza um ótimo cosplay de Mussolini do século XXI quando lhe é conveniente.


Hoje eu acordei e deu uma saudade do Petê

A jornalista Luiza Bandeira reuniu no Twitter um conjunto de links que mostram como os maiores blogs pró-governo estão ligados ao partido do presidente. Assim como Caio Coppolla, parece que o Terça Livre não é muito livre, o Conexão Política está bem conectado com dinheiro da política e a República de Curitiba pode se encontrar com milicianos facilmente.

Políticos criando os seus próprios jornais para divulgar as suas opiniões não é algo novo no Brasil e em nenhum lugar do planeta, mas os petistas pelo menos faziam isso de uma forma mais discreta.

⬆️ protecionismo econômico ⬇️ liberalismo econômico

O episódio dessa semana do seriado “liberais que apoiaram Bolsonaro passando vergonha” teve o presidente dando uma banana pra abertura econômica: o presidente quer barrar a importação de banana do Equador.

O futuro avaliador da qualidade do ENEM diz não entender como uma banana sai do Equador e chega ao nosso país custando menos do que as frutas nacionais vendidas na Ceagesp. Alguém faltou nas aulas de economia enquanto batia papo com inocentes produtores do fruto amarelo, mas tudo bem, o blog explica com a ajuda do João Dória.

Na última semana, João Trabalhador anunciou uma redução (sim, mais uma) de impostos para a indústria automobilista. O que parece muito com liberalismo está mais para uma medida que cairia como uma luva no governo de Dilma Rousseff: um puro suco de protecionismo vertical direcionado a setores com maior poder de lobby.

Ao reduzir impostos de uma indústria com forte impacto ambiental, o governador de São Paulo está, mais uma vez, indo contra todos os pensamentos modernos de mobilidade urbana. Mas focando apenas nos fatores econômicos, Dória também ajudou a distorcer preços relativos, prejudicar a concorrência que se instala em outros estados e, em última instância, mantém o poder de compra do indivíduo limitado a uma meia dúzia de carros caros e de qualidade duvidosa. Adam Smith estaria orgulhoso.

E a democracia, hein?

Se os generais do governo ganharam um banho de loja, chegou a hora dos civis ganharem um banho de democracia.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mais uma vez esqueceu que o seu cargo foi criado para cuidar do meio ambiente (e não da vida alheia). Após uma coluna de opinião em jornal Alemão criticar o governo, Salles comparou a posição do colunista com o nazismo. Um dos trechos dizia:

São pessoas que agem e falam com arrogância e crueldade. São pessoas que riem quando morre uma criança de sete anos. Que comemoram quando a polícia comete massacres em favelas, quando morrem ambientalistas ou vereadoras negras. Pessoas que não conhecem a diferença entre flertar e assediar. Pessoas com relações com milícias. Pessoas que falam toda hora em Deus, mas mentem, xingam e difamam. Pessoas que gritam “zero corrupção!”, mas que são corruptas.

Questionado, o ministro informou que o veículo “atacou o governo brasileiro com acusações mentirosas e ofensivas”. Para outro internauta, Salles disse que “o DW é um canal público, não pode escrever essas coisas do Brasil”.

Ora, a Casa Civil não tem um beneficiário confesso de caixa dois? O ministro pode garantir que todos os membros do alto escalão sabem mesmo diferenciar assédio de paquera? Os Bolsonaros não homenagearam membros da milícia nos últimos anos? O Twitter presidencial não mente mais vezes do que um jovem usaria o banheiro após comer uma maionese artesanal na praia de Copacabana?

Antes de pautar a mídia de outros países, Salles deveria lembrar que, para isso, ou ele vira dono do próprio jornal ou se torna editor-chefe. No cargo de ministro, ele deve apenas aceitar as críticas que fazem parte do dia a dia de qualquer governante. A democracia tem dessas.

Enquanto isso, em um evento de militares, o presidente disse que as Forças Armadas são a instituição que garante a democracia no país. Me digam se eu estiver errado, mas a Constituição dá ao povo, e não aos militares, o poder de garantir a ordem democrática.

Não foi só o branco de cocar que atacou a imprensa, Bolsonaro também fez a sua parte no ataque a jornalistas, e dessa vez com ajuda do blogprog da pá virada Allan dos Santos.

Após uma péssima tradução, o “jornalista” acusou Constança Rezende de tentar destruir o governo. O presidente republicou a acusação, lembrando que ela é filha de um repórter carioca que publica, de maneira recorrente, matérias contra milicianos.

O site francês que originou a publicação desmentiu os dois no Twitter. Para alguém que ocupa o cargo político mais importante do país, Bolsonaro está precisando de umas aulinhas no CCAA, que seriam muito bem acompanhadas de um reforço no português de toda a família.

Pee tape à brasileira

O carnaval dos Bolsonaros foi agitado. Enquanto o Carluxo usa o Photoshop em suas fotos, o Bolsopai anunciava uma “Lava Jato da Educação”, falava sobre mudanças na Lei Rouanet e encontrava socialismo não light em lugares em que não há socialismo.

Mas o que chamou atenção dos internautas foi a divulgação de uma performance artística no carnaval, com direito a dedo no cu, gritaria e golden shower.

Alguns chegaram a cogitar impeachment por falta de decoro, algo que obviamente não acontecerá. Houve também quem questionasse até a saúde mental do presidente, e a base aliada teve vergonha.

Mas tudo isso é parte do seu plano e estratégia que, por sinal, tem dado muito certo.

Um conhecido uma vez disse, sabiamente, que política é entretenimento. E entretenimento é colocar todo mundo para falar de algo – seja bem ou mal. Isso, Carlos Bolsonaro, o ghost writer do Twitter presidencial, soube fazer muito bem.

Política é construção de narrativas. A política feita por Bolsonaro, Trump e similares tem como ponto de partida uma manipulação contínua do debate público a partir de divulgação de vídeos, como o do golden shower, ataques à imprensa e mentiras. Já é hora de nos acostumarmos a isso, isso se quisermos deixar de ter as nossas discussões pautadas pelo Tonho da Lua carioca.

A tucanização dos não tucanos

Se a esquerda e/ou o centro do espectro político pretendem voltar a governar o país um dia, chegou a hora de começar a olhar mais para o presente e não para o passado. O Brasil de Bolsonaro está muito mais próximo da Rússia de Putin (ou dos EUA de Trump) do que da Alemanha de 1940 ou o Brasil de 1964.

O Partido dos Trabalhadores, que recebeu a maior quantidade de votos contra-Bolsonaro na última eleição, está fazendo de tudo para perder o capital político mais rápido do que Aécio Neves após as eleições de 2014.

Segundo o Painel da Folha de S.Paulo, o partido pretende defender como contra proposta à reforma da Previdência de Guedes, as medidas que Fernando Haddad inseriu em seu programa de governo nas últimas eleições. Ao menos era o que o partido queria fazer antes de Gleisi Hoffmann ser consultada.

Alguém lembra quando o PT cobrava do PSDB uma oposição programática, que não fosse apenas “contra tudo isso que está aí”? Eu lembro. Era a mesma época em que o próprio líder do governo sabotava a Dilma no Congresso de manhã, e à tarde apontava o dedo para os tucanos e o resto da base aliada.

Falando em aliados, a mídia (e parte da militância progressista) resolveu brincar de shadow cabinet e criar um governo paralelo para criticar Bolsonaro e Guaidó. A iniciativa é liderada por José de Abreu, aquele que já cuspiu em mulher, disse que não era hétero só de brincadeira e chamou vietnamitas de um “povo filho da puta”.

Glesi Hoffmann, quando convidada, não perdeu a chance de ir até a Venezuela validar a “eleição” do projeto de ditador que governa o país. O coordenador do MST, aquele que o presidente quer criminalizar, também não deixou de apoiar o governo nada democrático quando lhe foi possível.

Se ambos querem ajudar a direita a grudar na esquerda uma imagem de movimento pouco democrático, eles merecem uma medalha: o trabalho está sendo realizado com louvor.

Eis o Brasil em 2019: a maior força contra o governo segue sendo o próprio governo. Na semana em que a reforma da Previdência começou a ser negociada no Congresso, o ministro da Casa Civil viajou por quatro dias para à Antártida.

Bolsonaro, por outro lado, começou a desidratar a reforma antes mesmo que ela fosse lida pelos congressistas. O presidente, que pouco fala sobre o projeto mais importante do governo no Twitter, já se mostrou disposto a reduzir a idade mínima para as mulheres e a mudar o BPC.

Pelo visto os dois ex-deputados passaram muito tempo discutindo abobrinha nos anos em que estiveram na Câmara dos Deputados, já que só isso explica o esforço para não aprovar qualquer medida importante na Câmara.

Quando se tornaram obrigados a brincar de realpolitik no Planalto, Onix e Bolsonaro mostram ter menos capacidade para governar do que certo deputado mineiro teve de esconder os seus pedidos de empréstimos para fins duvidosos.

A coisa tá tão feia que agora precisamos contar com a boa vontade dos militares para diminuir o número de absurdos diários que cada setor promove. Os militares, por sinal, estão tão empenhados no seu papel de Poder Moderador Moderno que há quem questione a necessidade de termos um vice-presidente.

Veja bem, a situação do governo Bolsonaro não é uma que faça o trabalho da oposição ser difícil. Além de todas as denúncias sobre o grande laranjal que é o PSL, as várias ligações do presidente com milicianos e as briguinhas internas, ainda por cima a economia não vai bem.

Em 2018, crescemos 1,1%. Em 2019, não deveremos crescer muito mais, e qualquer pessoa que já leu um livro de economia básica sabe que a reforma da previdência será tão boa quanto a trabalhista para criar empregos. Em 2020, é bem provável que o cenário se repita.

Essa seria uma ótima oportunidade para as forças de oposição seguirem o exemplo do PSB e do PDT e se unirem. O que se vê, no entanto, é o principal partido da oposição se colocando contra um político de outro país. Já o PSOL, que não tem voto para eleger sequer um síndico de condomínio, está muito ocupado marcando posição com brincadeira, mentindo ou ignorando que o presidente fala mais de multa do que a reforma.

Tudo bem, vocês querem vencer a “batalha moral” criticando quem vai até o lugar em que as narrativas da direita reacionária correm soltas. Mas poder gera poder, e nesse ritmo, só os conservadores conseguirão ampliar a sua força.


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Com edição e revisão da Luana de Assis.